Cheias em Moçambique
Campos agrícolas inundados; vias de acesso interrompidas; preços de produtos alimentares a subir. Tudo num espaço de 20 dias de chuvas.
O regadio de Chókwè, celeiro da região sul, já não garante alimentos para esta campanha e já se fala em investir nas culturas de segunda época. Que cenário se desenha daqui em diante, se as chuvas se estenderem até Março, conforme prevê o INAM?
As chuvas que se abatem um pouco por todo o país já estão a causar a destruição de culturas alimentares e a comprometer as metas de produção agrícola. A situação deverá agravar o défice produtivo do país e agudizar a dependência em relação às importações.
As perdas que até aqui se registaram, sobretudo a nível do Centro e Sul do país, começam a ser expressivas, uma vez que afectam Chókwè, o maior regadio para o abastecimento do sul do país em produtos alimentares.
“Do dia 1 de Janeiro a esta parte, tivemos chuvas intensas, acima do normal, o que teve impacto negativo sobre a produção agrícola. Os técnicos ainda estão no terreno a avaliar o impacto das chuvas, mas dos contactos e monitorias que estão a ser feitos, temos, até ao momento, 109 mil hectares de culturas diversas afectadas, das quais 93 mil hectares foram perdidas por inundações e por falta de chuvas em Dezembro”, informou Iten Jantilal, técnico superior de agro-pecuária e chefe do departamento de culturas e Aviso prévio.
Falando ao programa “O País económico” da Stv, a fonte revelou que “as perdas globais representam pouco mais de 2% das áreas semeadas em todo o país, e um pouco acima de 3% das regiões semeadas das regiões Centro e Sul. Ou seja, o impacto é menor a nível global e significativo a nível dos produtores.”
Iten Jantilal disse ainda que o milho foi a cultura que mais sofreu por falta de chuvas em Dezembro e chuvas intensas nos primeiros 20 dias de Janeiro corrente, sendo que as províncias mais afectadas são da região sul do país, incluindo as zonas verdes da cidade de Maputo e também a região Centro, onde a província de Tete e Sofala apresentam as situações mais críticas.
As cheias já afectam a bacia do Limpopo, que causou cheias do regadio de Chókwè, local donde as pessoas estão a ser evacuadas para as zonas mais altas. “Temos informações segundo as quais, depois das descargas da bacia do Limpopo, o regadio de Chókwè está submerso. Embora não haja ainda dados concretos sobre a situação no local, sabe-se que, até terça-feira última, antes das descargas do Limpopo, tínhamos cerca de 9 500 hectares afectados na província de Gaza, sendo o milho a cultura mais afectada. O arroz não pode ser dado como perdido por resistir cerca de 5/6 dias submerso, daí que se espera que a água baixe de nível para a sua recuperação”, avança a fonte.
Para além do milho e arroz, as hortícolas de Chókwè, principalmente o tomate e o repolho, estão submersos e não podem ser recuperadas.
Ainda segundo o técnico superior de agro-pecuária, a perda da produção alimentar no Sul foi agudizada por duplo choque sobre as culturas. “As chuvas encontraram as culturas já numa fase de estiagem por ter sofrido, primeiro, pela seca ocasionada pela falta de chuvas, e os produtores estavam ainda a fazer a ressementeira das áreas perdidas por estiagem”, explicou.
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